15 de abril de 2012

WATCHMEN

Magistral e indiscutívelmente humana. Humana e incrivelmente ficcional. Uma ficção assustadoramente real.

Falar de WATCHMEN é chover no molhado. Pois o choque de surpresas que a leitura causa é inevitável, e não há, no mundo, elogio que a história não tenha recebido. E qualquer um que se atreva a falar sobre, corre o risco de ser repetitivo  como, naturalmente, será . Isso porque WATCHMEN não é apenas uma história de super-heróis. É UMA HISTÓRIA DE SUPER-HERÓIS!!!

"Situado em uma América alternativa, no ano de 1985, onde super-heróis fantasiados são parte da teia que compõe a sociedade normal do dia-a-dia. Lá, o “Relógio do Juízo Final” – que mostra a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética – sempre está marcando cinco minutos para meia-noite. Quando um de seus companheiros é assassinado, o vigilante Rorschach descobre um plano para matar e desacreditar todos os heróis do passado e do presente. Assim que ele se reúne com sua antiga legião de combatentes do crime – um grupo de heróis aposentados, onde apenas um realmente tem superpoderes – Rorschach vê uma enorme e assustadora conspiração que interliga seu passado em conjunto e aponta para catastróficas consequências no futuro.

Sua missão é olhar por toda a humanidade… mas quem olhará pelos Watchmen?"

A premissa é poderosa, e, ao final do primeiro monólogo de Rorschach fica evidente que a trama a seguir não será algo fácil de digerir. O que as páginas seguintes apenas comprovam. É impossível absorver toda sua intenção numa única leitura! E isso é somente um dos fatores que tornam a obra fantástica. Por isso, lê-la por uma segunda ou terceira vez se faz necessário para melhor apreciação, e é justamente nesse momento, com um maior nível de conhecimento da trama, que evocam sentimentos mais aflorados que as surpresas do inédito, mesmo que este esteja aliado a tensão do não saber aonde diabos aquilo vai chegar. Mas tamanho sentimento só é possível devido a humanidade da trama, reconhecida em seus personagens; sejam eles humanos ou não. E quanto mais revivemos a era do vigilantismo, mais íntimos nos tornamos destes, menos detalhes/intenções passam despercebidos aos nossos olhos e as riquezas plantadas nas entrelinhas dos textos que lhes dão vida ou ocultas nas imagens que lhes dão formas saltam páginas afora, ávidas por reconhecimento.

Mas o grande trunfo está na legitimidade de cada personagem, que, de acordo com suas verdades, assumem, cada um, postura distintas sob um mesmo tema e, mesmo os que possuem a mesma crença, numa notável coesão humana, mostram argumentos opostos para chegar ao mesmo fim, fazendo de cada personagem um ser etéreo, marcante, vivo, mesmo que apenas em nossas mentes. Algo incomum em um universo onde o padrão e as leis do volume seguinte são predominantes. Algo assim não acontece todo dia, e, passado duas décadas e meia, pergunto: O que ficou depois de WATCHMEN?

Sim, coisas de profundo valor surgiram após o grande feito que foi esta obra de arte. Não, nada que se assemelhe ao delírio violento, arrebatador, que WATCHMEN causa a quem lê. Pois muitos detalhes se perdem em nossa memória com o tempo, mas a reflexão da primeira semana após o término da leitura, seja na primeira ou na décima segunda vez que o alcança, jamais é esquecida.

WATCHMEN. de ALAN MOORE e DAVE GIBBONS:

LEITURA OBRIGATÓRIA!!!

2 comentários:

  1. Me lembro quando li Watchmen pela primeira vez, isso foi logo no seu lançamento. Na época os quadrinhos não tinham tantas opções boas como hoje e talvez isso tenha ajudado a me conquistar. Digo isso porque quando li pela segunda vez, pouco antes de extreiar o filme, não fiquei tão impressionado como na época.

    Tanto o texto do Alan Moore quanto a arte de Dave Gibbons são excepcionais e isso é fato, mas me deu um certo sentimento de que algo esta faltando. Não sei oque é e ainda lerei uma vez mais, quem sabe daqui a alguns anos. Espero que na terceira vez encontre o "elo perdido" que me faltou na ultima vez. De qualquer maneira é uma HQ acima da média e altamente recomendada.

    Parabêns pelo ótimo texto, HaeS.

    Grande abraço.

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    1. Ja eu, Novais, mesmo tendo lido a HQ num scan em 2010 - inspirado pelo filme -, não deixei de me surpreender com a construção dessa história, cujos personagens agora me são eternos. Amo WATCHMEN!

      Eu agora fiquei curioso quanto a esse "algo faltante" e, se você o descobrir, por favor, não deixe de se expressar por aqui, ok?
      Obrigado pela presença. É sempre um prazer dividir com você a minha arte.

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