27 de abril de 2012

OS VINGADORES - THE AVENGERS

A espera chegou ao fim! E chegou ao fim com uma grata compensação, pois o filme revelou-se uma joia cinematográfica para ser vista, revista e jamais esquecida.

A fervorosa campanha de marketing me fez chegar ao cinema com todas as expectativas possíveis. No meio da sessão, expectativas mais que superadas, tal qual Bruce Banner, me vi ensandecidamente fora de controle, e, reagindo de acordo ao intento das cenas, fosse rindo, torcendo ou soltando grunhidos e rugidos, acabei por incomodar todos em minhas imediações  o que só foi percebido quando fora da sala.  Prova incontestável do poder de imersão que a trama garante ao expectador. Pois tamanho exagero na louca postura desse fã agradecido só foi possível porque o filme nos puxa pra dentro. Porque o texto, interpretação, enquadramento e sonoplastia nos permite compartilhar junto aos personagens todos os seus sentimentos, por mais íntimos que sejam. Com esse entendimento, fica fácil se tornar parte da ação. E é ai que OS VINGADORES sai na frente de todo e qualquer filme do gênero. Pois Os Vingadores é, indubitavelmente, o melhor filme de super-heróis de todos os tempos.

"O filme mostra o ardiloso Loki em busca do Tesseract — o cubo cósmico utilizado pelo Caveira Vermelha e que ficou no fundo do mar até ser encontrado por Howard Stark  com o qual poderá abrir um portal para outro universo e, assim, permitir que uma raça de alienígenas invada e conquiste a Terra.

A premissa é das mais simples e comprova o conceito que, quanto mais acessível é o contexto, mais fácil se torna compreender suas camadas, implicações, e permite singularidades a cada indivíduo. Garantindo aos personagens posicionamentos coesos em uma trama que só faz crescer diante dos olhos. Pois nada é subentendido. . . as cartas são jogadas a mesa no primeiro encontro.

Inevitável ao falar de OS VINGADORES é falar da habilidade de Joss Whedon ao fazer de todos os personagens peças importantes no tabuleiro, surgindo, cada um, como protagonista de uma sequencia específica ao longo das 2 horas e 16 minutos do filme.


Inteligente, nos apresenta ao GAVIÃO ARQUEIRO na sequência de abertura onde este é o único dos heróis em ação. A sábia decisão deu tempo de tela suficiente para conhecermos e nos acostumarmos com o personagem, e fez Clint Barton tão importante quanto qualquer outro. Falando no herói humano, um ponto que parecia preocupante antes da sessão começar era a função de um mero mortal, por mais habilidoso e treinado que fosse, num grupo de super seres que travam uma batalha contra alienígenas. Ponto que foi muito bem colocado ao longo de toda ação, pois o personagem agiu de acordo com suas habilidades e condição física, e não escapa de dores físicas quando sofre quedas impactantes.

Verdade que também se aplica a VIÚVA NEGRA. Reintroduzida numa aparente desvantagem diante de seus captores, ávidos por esclarecimentos de sua parte, numa manobra digna de uma grande espiã, era ela quem recebia as informações em um interrogatório onde a vitima eram aqueles que a mantinham sob cárcere privado. Destaque para a cabelada destrutiva numa sensualíssima luta onde suas pernas hábeis tornaram-se o Tendão de Aquiles de seus algozes.

O HOMEM DE FERRO é visto em sua melhor performance desde sua primeira aparição na tela gigante, seja na ação ou no sarcasmo. Está ai a citação a obra mor de Tolkien e as tentativas de fazer surgir o HULK que são certezas de riso. Isso sem falar no Homem Rena, um gracejo seu quanto aos chifres no elmo de Loki. Tiradas engraçadíssimas, mas nada que se equipare a batalha no parque, quando, diante de THOR, faz uso da linguagem Shakespeareana para tirar onda com o Deus do Trovão. Este é, certamente, o momento mais icônico do humor na história do cinema. Toni Stark é, sem dúvida, a maior das personalidades. 88% desse crédito vão direto para Robert Downey Jr e sua brilhante interpretação, a equipe de colaboradores tendo que se contentar os 12% restantes. Referências a parte, ninguém poderá viver um Tony Stark tão carismático depois dele. Ninguém!!!
Nas cenas de ação, dos espetaculares voos aos eficientes propulsores, lasers e um sem fim de armamentos que carrega consigo ao vestir seu mais famoso terno, o Ferroso se mostra mais seguro, hábil e disposto a agir como jamais se mostrou. O que me surpreendeu positivamente. Pois, mesmo nos filmes onde é o único protagonista o personagem jamais foi utilizado em 100% de suas capacidades. Ao meu ver, o maior erro que habita os filmes do Latinha. Mesmo dividindo tela com cinco outros protagonistas, usou todas as suas habilidades e, pela primeira vez, foi o herói que eu sempre quis ver no HOMEM DE FERRO. Destaque para a surpresa que fará da maleta que escondia a Mark 5 em Homem de Ferro 2 (2010) algo a ser esquecido.

THOR, ao contrário do esperado, se comparado a quem era em sua primeira visita a Terra, mostra maturidade quanto a sua postura. Mas a montanha de músculos esconde um menino ingênuo, e essa ingenuidade, em alguns momentos, mostraram-se capazes de comprometer toda a equipe e levou a trama direto para seu momento mais trágico em todo o filme, quando, literalmente, abriu as portas para Loki cometer seu mais terrível, ao menos no sentido emocional, ato contra a equipe. Não fosse seu forte poder de destruição, seria presa fácil nas mãos de Loki. Pois sua esperança em reconhecer bondade no irmão adotivo é a maior arma que o vilão possui contra ele, e contra a Super Equipe, por extensão.

O CAPITÃO AMÉRICA é o peixe fora d'água. Isolado do mundo, encontra na solidão uma forma de seguir em frente. Em meu entendimento, seu isolamento não tem como base o fato de ser um homem de outro tempo, mas por querer evitar a dor da perda  verdade que o acompanha desde que se viu desperto em outra realidade. Esse é o grande motivo que o leva a agir com reticência quanto a tudo e a todos. Mas um mundo de possibilidades se abre diante do personagem quando assume para si o comando da super equipe. Aqui, Steve se transforma numa cópia fiel do homem honrado, leal e heroico que é nos quadrinhos. Verdade que saltou aos olhos durante a sessão. Em momento algum consegui ver Chris Evans
em cena, mesmo quando a máscara pendia em suas costas. Fosse no olhar, na postura de sentar ou no agir, era como encarar os belíssimos quadros de Steve Epting. O que foi profundamente satisfatório. Pois o CAPITÃO, ao lado do HULK, figura entre os mais queridos personagens que dividiam espaço na tela. Como um dos poucos que acreditaram em Chris quando seu nome foi anunciado para viver o Bandeiroso, é satisfatório testemunhar seu comprometimento, vendo-o trazer às telas a essência do herói com tamanha perfeição. Outro ponto que soma a favor do herói é sua vestimenta, que, ao contrário do que as fotos promocionais diziam, funciona na tela tão bem quanto o dos tempos de guerra.

Esperado, o HULK representa a força avassaladora que põe fim a qualquer ameaça iminente, surpreende e acaba por roubar a cena sempre que aparece na tela. Mark Ruffalo, embora tenha  seguido por vias distintas as de Edward Norton para compor seu Bruce Banner, não comprometeu o personagem, mesmo com suas expressões sempre mostrando um leve sorriso, quase conferindo ao personagem um ar sacana. 
Ao invés disso, trazendo novo fôlego a mitologia do carismático gigante e agradando demais as massas. Ainda assim, Norton continua sendo o Banner definitivo. Mas o HULK visto no longa revelou-se a melhor encarnação do personagem quanto a ação. E sua personalidade, pela primeira vez, é algo que soma a favor do monstro digital por avançar passos além da fúria incontrolável. Sendo capaz de alcançar diferentes pontos da dramaturgia, fazendo cada uma de suas aparições proporcionarem diversas sensações, do medo e emoção, da tensão a vibração.  Usando de ímpeto (característica que o torna muito humano) para deixar claro que o HULK é um herói de verdade, do tipo que se joga para salvar o companheiro de equipe se for preciso, mas não um sentimental. Claro que me refiro a repulsa do personagem quando, após seu momento mais heroico ao longo da jornada, rejeita o corpo que repousa sobre o seu ao atingir o solo. Destaque para sua reação diante do autoendeusamento de Loki, e sua última transformação, quando, num único soco, põe fim a ameaça que deixou os outros VINGADORES tementes pela inexistência de seu amanhã.

PhotobucketComo Equipe, o superelenco funciona perfeitamente, mesmo com suas rachaduras! È, porque unir seis egos e surpreender-se com desavenças chega a ofender a inteligência de quem observa de fora. Mas é exatamente dessas desavenças que saem momentos memoráveis como a discussão entre Tony e Steve, o inesperado soco que coroa a rixa entre HULK e THOR, ou a o rugido que faz o HOMEM DE FERRO voltar a si quando todos temiam o pior... entre muitos outros. O filme é inteligente, não em nível de profundidade, estamos falando de um filme de ação, mas quando analisado de forma fria, mesmo que no calor da emoção. Pois tudo faz sentido dentro do contexto, e toda ação, principalmente no clímax, onde tudo é gigantesco e ultrapassa a barreira do exagero, se mostra inteligível e está de acordo as motivações, capacidades e intento de cada personagem, sem oferecer nada gratuitamente.

 

Por fim, o filme é muito mais do que o esperado e vai agradar aos fãs mais exigentes, como levará muitos curiosos ao saudável hábito da leitura.

10 comentários:

  1. ei haes,concordo contigo.foi um alivio ver que o uniforme do capitão funcionou legal no cinema! mas uma coisa que eu relmente gostei nos Vingadores foi a interação dos personagens. os diálogos tem tanta força quanto as cenas de ação, e isso torna o filme realmente dos melhores!

    abração!

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    1. Verdade, Vini. E esse foi um ponto que acabei por não mencionar na resenha: os diálogos.

      Muito bem elaborados!!!

      Eu realmente acredito que o filme é o que é em termos de qualidade pela interação dos personagens. Ali havia todos os tipos de relacionamento.

      Antipatia: Ferroso é o tipo de homem que nasceu para comandar, o Capitão é um líder por natureza. Um desentendimento
      era algo a se esperar.

      Amizade: HULK e HOMEM DE FERRO, seus alter-egos.

      Rivalidade: HULK e THOR.

      Romance(?): Gavião e Viúva.

      Entre outros.

      Se a trama se preocupasse apenas com a ação, certamente seria mais um filme deslumbrante, e apenas isso.

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  2. Bela critica, Marcelo!

    Mostra bem os gostos e sensações para cada personagem. Também concordo contigo que o fato de dar mais profundidade para as motivações e dúvidas dos personagens permitiu que o filme fosse um pouco além de um filme meramente visual!

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    1. De coração, é uma honra receber voce aqui, Dr. Isso aliado a certeza de que curtiu meu trabalho, me faz voltar aos tempos em que eu gostava do que eu mesmo escrevia. Obrigado mesmo pela presença!!!

      Eu juro que esperava algo sensacional deste longa. . . mas recebi/recebemos algo muito acima do esperado.

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  3. Belo texto, Marcelo HaeS.

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  4. Respostas
    1. Obrigado, cara,
      É bom saber que leem meus trabalhos antigos.

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