(SPOILER. Leia somente se você ja assistiu ao filme)
A vida é uma piada desagradável.
Ela é cheia de sabores, aromas e cores, mas, mesmo
em meio a toda essa profusão... não possui beleza. Claro que não.
Porque a beleza da vida está no poder!, e depende de sua conquista
para ser encontrada. Seja o poder aquisitivo, que torna qualquer um
capaz de garantir o sorriso de um filho, o amor de uma esposa e a
recompensa de uma velhice tranquila aos que dedicaram amor quando era
incapaz de se impor diante de uma sociedade; seja o poder de fazer,
que garante coragem para seguir em frente
diante de adversidades e, para o bem ou para o mal, alcançar a
tentativa de superar o que um dia foi um obstáculo em uma jornada.
Assim, ao final de O Cavaleiro das Trevas
Ressurge, mas necessariamente considerando toda a jornada de
Bruce Wayne desde Batman Begins, surgiu a lição que recebi: A vida é uma piada
desagradável... mas apenas para quem não sabe sorrir diante dela.
Apenas para quem não sabe vivê-la.
E Bruce Wayne jamais soube.
Porque Bruce Wayne morreu antes de ter a chance de conhecer as cores da vida; os aromas e sabores que ela, em toda a sua abundancia, poderia lhe proporcionar. Porque Bruce Wayne
morreu junto com seus pais, dando lugar a um monstro obsessivo que emergiu num momento de escuridão, condenando-o a condição miserável e amadurecendo consigo, incrustando como único objetivo encontrar a beleza da vida ao alcançar o poder de fazer. E ele, mais do que qualquer um, alcançou. De todos os que tentaram, Bruce foi o único que realmente conseguiu. E foi nesse momento que a real beleza da vida bateu a sua porta, surgindo quando um amor infantil recuperou a força no momento em que seu monstro ganhou contornos humanos diante da única que poderia mergulhar em sua escuridão, lhe estender a mão e oferecer a possibilidade de tornar-se humano outra vez, anulando o monstro a que a vida o obrigou a se tornar para suportar vivê-la. Mas apenas para perdê-la, e então perceber que tudo não passou de mais um degrau decadente de sua vida, que o obrigou a mergulhar ainda mais fundo em sua escuridão, lhe tirando a única realidade que ainda o permitia seguir em frente: O poder de fazer.
E Bruce Wayne jamais soube.
Porque Bruce Wayne morreu antes de ter a chance de conhecer as cores da vida; os aromas e sabores que ela, em toda a sua abundancia, poderia lhe proporcionar. Porque Bruce Wayne
morreu junto com seus pais, dando lugar a um monstro obsessivo que emergiu num momento de escuridão, condenando-o a condição miserável e amadurecendo consigo, incrustando como único objetivo encontrar a beleza da vida ao alcançar o poder de fazer. E ele, mais do que qualquer um, alcançou. De todos os que tentaram, Bruce foi o único que realmente conseguiu. E foi nesse momento que a real beleza da vida bateu a sua porta, surgindo quando um amor infantil recuperou a força no momento em que seu monstro ganhou contornos humanos diante da única que poderia mergulhar em sua escuridão, lhe estender a mão e oferecer a possibilidade de tornar-se humano outra vez, anulando o monstro a que a vida o obrigou a se tornar para suportar vivê-la. Mas apenas para perdê-la, e então perceber que tudo não passou de mais um degrau decadente de sua vida, que o obrigou a mergulhar ainda mais fundo em sua escuridão, lhe tirando a única realidade que ainda o permitia seguir em frente: O poder de fazer.
É a esse Bruce Wayne que somos apresentados logo no
inicio, ao perceber, em comentários de outrem, que a reclusão do
"Bilionário Playboy" é uma doença cronica que, somada a
todas as suas dores, torna apático o monstro que fez do protagonista
um verdadeiro herói.
Dizer que Christopher Nolan estava inspirado quando
iniciou sua jornada no universo do Homem Morcego é um erro tão
grosseiro como afirmar que a água está molhada. Não é que ele
esteja/estava inspirado, mas que possui o dom genuíno para o que se
propôs a fazer: escrever para pessoas e dirigi-las em cena. Nolan
não é um deus entre humanos, apenas um profissional de grande
capacidade que exerce sua função com dignidade e competência,
reconhecendo em rostos humanos suas capacidades e conquistando-os e
conduzindo-os por caminhos gloriosos que sua maturidade artística
fora capaz de prever. Assim, levando-os a nos encantar diante das câmeras.
Não é um caçador de bilheterias, mas um verdadeiro contador de
histórias. Coisa rara no mercado e, por isso, ardorosamente aclamado
por seus seguidores.
Anne Hathaway ou Selina Kyle? Difícil dizer. Pois a
bonequinha de Hollywood transformou-se numa deusa da sensualidade.
Numa prodígio da enganação – o momento onde simula-se uma mulher
frágil e desesperada para escapar das algemas figura entre os
melhores momentos do longa. – E não tome isso apenas para os
personagens que a cercavam... pois, como expectador, levei fé em sua
cumplicidade com o Morcego e, junto a ele, me decepcionei de forma
inexplicável a sua covardia e egoismo. Porque seu ato, como
confessou, foi para livrar-se da perseguição de Bane. Mesmo que
para isso precisa-se condenar outra vida, como condenou. Uma
personagem interessante por ser imprevisível. Mas indigna de um
homem como Bruce Wayne.
Jhon Blake. Outro personagem que poderia classificar
como decepcionante – apenas pela expectativa gerada mundialmente,
onde este se revelaria Eddie Nashton, conhecido como Charada, ou o
Azrael, substituto do Batman após ter a coluna quebrada por Bane em
A Queda do Morcego, um arco da revistas em quadrinhos do Batman –,
revelou-se a melhor adição ao elenco. Um personagem essencial para
a evolução da história. Um herói por natureza. O menino-prodígio que o
Batman merece! Baseado em seus últimos momentos no longa, onde revela seu nome de batismo, Robin – numa alusão que homenageia o personagem de grande
importância na vida do herói –, percebo em Blake mais de Tim Drake do
que Dick Grayson, apesar de este ser o primeiro Robin. A
forma como o personagem de Joseph Gordon-Levitt chegou a identidade
de Batman levou direto ao perspicaz menino surgido após a morte de
Jason Todd, o segundo Robin. O momento onde se revela conhecedor do
maior segredo deste universo foi compensador e levou direto ao arco
Morte em Família, onde Drake surge com postura semelhante. Uma maneira interessante de se utilizar um personagem tão polêmico.
Tom Hardy. Embora sua atuação como o terrível
Bane seja espetacular – não me permito pontuá-la por ter
assistido ao filme dublado e, sei, perdi muito de sua atuação. Por
favor, não me julguem. Não havia sessão legendada no cinema mais
próximo e eu não iria suportar um dia a mais sem ver a trama –, o
vilão foi um pouco menos do que eu esperava. Com isso não entenda
um fracasso, pois alcançou a perfeição por sua postura indiferente
e segura desde sua primeira aparição. Frio e calculista. Forte e
corajoso. Inteligente e ágil. Havia nele tudo para se tornar uma das
maiores forças vilanescas da sétima arte. O que seus minutos finais
corromperam incomodamente. È, porque foi frustrante descobrir, ao
final, que Bane era apenas a força devastadora que levaria Gotham as
ruínas em um plano conduzido por trás das cortinas por uma
personagem sem luz própria, que todos os atentos ao longa sabiam
quem realmente era desde antes de se iniciar a sessão. Como reduzir
a auxiliar o personagem que esteve a frente das câmeras e movimentou
o filme do inicio ao fim? Difícil de engolir. Pior ainda é a sua
morte: rápida, inesperada e por uma mão alheia as de Batman. Eu
esperava um final diferente, onde Bane fosse tão longe (como foi) que obrigasse o herói a burlar
sua primeira regra: “não matar”.
E, assim, levá-lo a uma rejeição tamanha ao ato que o fizesse odiar o
Batman, por mais necessário que tenha sido o movimento extremo. Abandonando a capa e o capuz definitivamente. Mas o que vi foi um desfecho pavoroso para um
personagem incrível, que tinha tudo para se tornar eterno, ao lado
do Coringa de Leadger.
Um erro notável. Em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, por consequencia do último ato de Batman em O Cavaleiro das Trevas, o herói é visto pela população de Gotham como o verdadeiro
vilão responsável pelos crimes cometidos por Harvey Dent/Duas Caras. O que me leva
a considerar um personagem pequeno de O Cavaleiro das Trevas,. Pequeno, porém, dono de uma informação
capaz de abalar os pilares de Gotham e mudar todas as nuances de O Cavaleiro das Trevas Ressurge. È claro que me refiro a Coleman Reese, o
Advogado das Industrias Wayne que descobriu a identidade do Batman e
ameaçou, diante das câmeras de Gotham, revelá-la no programa de TV e teve seu ato inibido por um telefonema do
Coringa, onde afirmava explodir um hospital se Reese não estivesse
morte em uma hora. Pois é... Reese não morreu. E parte disso deve-se
a Bruce Wayne, que condenou sua Lamborghini para deter o veículo
disposto a atingir a viatura onde estava. Considerando que Gordon,
Wayne, Alfred e Lucius eram os únicos cientes da verdadeira face de
Dent no filme que fecha a trilogia, o que motivou Coleman Reese a não revelar que o Bandido mais
procurado nos últimos 8 anos tratava-se de Bruce Wayne? Uma falha. E
nada pequena.
Aliados. Ah... revisitar esses personagens em
momentos inéditos de suas jornadas foi como rever um velho amigo
depois de muito tempo. De Alfred ao, agora solitário, Comissário
Gordon. Passando por Lucius Fox e sentindo uma fagulha de dor ao ver
a foto de Rachel Dawes. Esses personagens são o coração da trama,
e o simples fato de saber que podemos perdê-los a qualquer momento,
vide Rachel, se tornou um intenso desconforto durante toda a sessão.
O momento em que Alfred deixa Bruce e os holofotes me fez considerar
coisas terríveis... A ameaça da morte de Lucius Fox me levou a
afundar na poltrona... A, possível, segunda morte de James Gordon
seria algo inaceitável... Putaquepariu!!! Esse filme é um risco de
morte para os cardíacos!!! Acredite em minhas palavras (é claro que
você vai acreditar. VOCÊ TAMBÉM FICOU ASSIM!!!), porque são
verdadeiras: Meu coração bateu acelerado da primeira metade até o
ato final. E não é o fato de o filme nos puxar para dentro, mas de
possuir figuras tão apaixonantes. Personagens que amamos tanto
devido as inúmeras visitas desde que os vimos pela primeira vez no
distante 2005, que a possibilidade real de perdê-los se torna
angustiante... como foi. Era uma possibilidade cogitada. Mas
de acreditar a ver existe uma grande distância
popularmente conhecida por "dúvida". Após o ato final do
Morcego eu não sabia como reagir. Sabia apenas que era inevitável e
as lágrimas vieram. Corriam velozes, agredindo minha vontade de
contê-las. Mas o que é uma vontade frente a um sentimento? Nada. E
foi nesse momento que descobri naquele que sempre acreditei ser um
verdadeiro herói, um verdadeiro monstro. Porque jogar no lixo a dádiva de viver por um ideal, por mais virtuoso que seja, é tão monstruoso quanto um assassinato. E Bruce Wayne tornou-se o assassino de si!!! Não por seu último ato, que tinha o claro objetivo de recompensar a fé de uma nação perdida, mas por sua crueldade consigo, que o tornou capaz de matar-se em vida. Anulando-se de tal maneira que sua verdadeira face tornara-se o rosto que os infratores temiam, mascarando-se desonrosamente com o rosto nu. Ele é um monstro!!! Sim. Mas um
monstro digno de admiração, que deve ter seu sacrifício pela
humanidade tomado como exemplo. Um sacrifício capaz de recuperar a
humanidade do homem, apresentando-lhe os sabores, aromas e cores de
uma vida feita para ser vivida. Um bálsamo para os descrentes.
Um Jesus Cristo da era moderna.
Bela critica HaeS
ResponderExcluirEssa obra cinematográfica merece ser assistido varias vezes na tela grande.
Obrigado, Bruno.
ExcluirAlém de voce está coberto de razão, saiba que irei seguir suas palavras com o mais genuino prazer. Porque rever esse filme é uma obrigação. Não, é, na verdade, mais de uma obrigação. Porque eu não irei me contentar com apenas mais uma assistida.
Ótimo texto Marcelo.
ResponderExcluirImpressionante como o Nolan revolucionou o cinema de entretenimento de qualidade. A trilogia Batman e A Origem são exemplos máximos disso. em seus roteiros e filmes toda e qualquer informação ao longo do filme de alguma forma se encaixará na história e deixa margem a todo tipo de interpretação.
Valeu, Marlon.
ExcluirSim, o Nolan estabeleceu um padrão de qualidade que, se os futuros diretores (e não apenas do Batman, mas de toda a Hollywood), não estabelecerem como modelo a ser seguido (não plagiar, mas seguir no comprometimento em ser um profissional de verdade), estarão fadados a estarem no segundo escalão da lista. De qualquer lista postivia.
CRITICA INCRIVEL E IRRETOCAVEL A ALTURA DO FILME...CONCORDO QUE O BANE FOI A GRANDE ESTRELA DO FILME E TER O FIM QUE ELE TEVE FOI RIDICULO EM MEIO A UMA OBRA QUE FECHA,BRILHANTEMENTE, COM UM IMENSO LAÇO VERMELHO DE VELUDO UMA TRILOGIA TAO BOA QTO BATMAN...MAIS A DE SE CONVIR Q A ANNIE VAI TER QUE COMER MTO ANGU COM WHISKAS ATE CHEGAR AOS PES DA MICHELLE PFEIFFER...PARABÉNS PELA CRITICA,VC A-R-R-A-S-O-U!!!!
ResponderExcluirImagina. Deixei de citar tantas coisas... e olha que não por falta de texto.
ExcluirMas um imenso obrigado pela presença, Alex. É sempre bom quando nossa turma vem curtir o nosso trabalho por livre e espontânea pressão.
P.S. Anne é a melhor MULHER GATO!