23 de abril de 2012

JUSTICEIRO: As Meninas do Vestido Branco

Comum, sangrenta e silenciosa.

Assim é As Meninas do Vestido Branco, que trás como protagonista o Justiceiro, numa trama que passa ligeira diante de nossos olhos, proporcionando a sensação de que nunca foi tão fácil ler o considerável número páginas visto na edição. Uma verdade que se torna absoluta pela escassez de diálogos, fazendo dos painéis de imagem o principal recurso narrativo para apresentar a história. Sem querer entrar em méritos ou deméritos, mas numa questão de gosto mesmo, há leitores que, como eu, prefiram diálogos intensos apenas por uma questão pessoal, de gosto mesmo, ou para levar a debates fora das páginas junto a amigos com quem divide a leitura. Como há também os adoradores da leitura muda, adeptos da ação e reação. E são esses os que irão ai delírio com o ousado (mas nem sempre compreensível) recurso narrativo, que o cinema mudo por muito tempo provou sua eficiência e fez valer a máxima onde se afirma que uma imagem vale mais que mil palavras. Pode até valer. Mas que algumas dezenas de palavras em alguns painéis mudos fariam a diferença e elevariam a trama, não se pode negar. Mas vale apontar que os diálogos, quando surpreendentemente encontrados, se faziam eficientes e clareavam parte da escuridão. . . que só encontra sua luz definitiva ao final, claro.

Na trama, Frank Castle é o mesmo homem marcado pelo trauma crônico que o consome em tortuosas lembranças sempre que se permite ao repouso necessário - momento em que, involuntariamente, a mente vaga por lugares que fogem de nosso controle selecionar. Quando isso fica claro para o leitor, torna-se fácil compreender que é por isso, e/ou para escapar disso, que Frank dedica a maior parte do seu tempo no combate direto às forças maiores que amedrontam o povoado da pequena cidade de Tierra Rota, situada no México, ofendendo sua dignidade por obrigar todos a sofrerem em silêncio a perda de suas meninas, citadas no subtitulo. E ai o personagem torna-se mais interessante. Pois ja não é certo se Frank sai em busca de sangue perverso para vingar a morte dos seus ou para ocupar a mente e livrar-se das lembranças que se fazem mais aterrorizante que a certeza da solidão aguda. Essa dicotomia que leva a dúvida de seu real motivo faz valer todo o tempo dedicado a leitura, mesmo quando a leitura se faz visual. E torna. . .

O JUSTICEIRO: As Meninas do vestido Branco, de GREGG HURWITZ e LAURENCE CAMPBELL:
UMA BOA LEITURA.
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