14 de novembro de 2012

KICK-ASS: Quebrando Tudo

"Voce nunca mais verá um gibi do mesmo jeito..."

Informa o texto que o introduz à história na contracapa da edição. Informação essa que nada diz, a não ser a intenção explícita de tentar o leitor a comprar a edição que tirou da prateleira, mesmo sendo a da estreia de um personagem jamais visto pelo público. Levando-o a acreditar que este gibi, diferente de tantos outros que usaram do mesmo artifício para atrair olhos curiosos, irá re.vo.lu.ci:o.nar a sua visão sobre o universo super heroístico. "Tá! É claro que vai!" – é o seu pensamento irônico ao se ver obrigado a duvidar depois ler a preciosa informação. Aos que ainda acreditam na palavra alheia – por mais que venha de um publicitário –, e que também foram abençoados com a curiosidade, dedico efusivos parabéns... #SeusFelizardos. Pois foram os primeiros a se deliciar com a trama que, como o texto da contracapa afirma, não somente irá, COMO REVOLUCIONA sua visão sobre os super personagens dos gibis que acompanha. Revolução que se faz perceber antes da metade da jornada de Dave Lizewski, o chutador de bundas, nessa preciosa edição. Sim, eu lhes desejo sinceros parabéns por vencerem o medo de mais uma vez se decepcionar com uma promessa vã de uma leitura inesquecível, e terem feito de KICK-ASS o sucesso que é hoje, mas não lhes permito sorrisinhos superiores porque... por mais que tenha sido um leitor tardio desse chocolate da literatura, eu o li... e agora vivi cada detalhe dessa jornada como você, um dia, viveu, seu bunda chutada.
 
"O que acontece quando um cara comum numa roupa de látex fica frente a frente com o submundo do crime? É isso o que o jovem Dave Lizewski está prestes a descobrir. Afinal, as pessoas têm apenas uma vida, e Dave quer que a dele seja empolgante. A qualquer preço."

A premissa tem tudo para garantir uma boa aventura, mas vai um passo além já na primeira página quando invade a mente de seu protagonista e, tornando-a o norte da trama – sempre um passo certeiro –, numa narrativa em off divina e fundamental, que nos dá a perfeita noção de como é estar por dentro de uma "super roupa", evidenciando os fodas e os fodeus que a vestimenta garante. Proporcionando um momento especial ao fazer você entender de uma vez por todas o que se passa na cabeça dos personagens que vem acompanhando há tantos anos, sem definição de mídia, que o fez assumir um alter ego e arriscar a própria vida pela vida de alguém que para você não é mais que um qualquer: Porque é F-O-D-A!, e ponto final.
 
No melhor estilo Alan Moore, Mark Millar carrega nas referências a cultura pop do leitor – de qualquer leitor, pois tem citações para todos os gostos –, e traz o protagonista para o bairro vizinho ao seu – aonde quer que você more, pois tem citações para todas as etnias, classes e gêneros. – Fazendo o universo do protagonista invadir o seu universo. Mérito de um profissional com gabarito suficiente para escrever obras como Os Supremos, e Guerra Civíl. Ponto que leva a outra questão:
 
"Se o cara é competente o bastante para se fazer imortal escrevendo tramas encomendadas (que surgiram quando foi contratado para escrever para tal personagem), o que se poderia esperar de qualquer argumento seu quando a inspiração é genuinamente natural? – do tipo que toma sua mente de assalto e não sossega enquanto não é posta em exercício."
 
A pergunta é retórica. Não se preocupe em responder nem mentalmente, porque, de um contador de história como Millar, não há o que se esperar que não a excelência.
 
Excelência deliciosamente compartida com o sujeito que deu vida ao seu texto, John Romita Jr.. Há quem ignore o talento dele, como venho percebendo em coments – que jamais deveriam ter sido postados – pelos foruns afora, como há quem ignore as opiniões destes afetados que não sabem o que dizem. Eu não sei se Romita Jr é o melhor desenhista da atualidade, mas sei que seu traço me provoca sentimentos e percepções de sua arte que aqueles que estão em meu top 3 de grandes desenhistas ainda não provocaram. É um detalhe como o olhar de Dave quando se passa por homossexual para ficar ao lado da menina que gosta... O texto não sugere mutação alguma, mas é possível intuir que o personagem assumiu um tom feminino em sua voz somente pela expressão vista em seu rosto. É só um detalhe! Mas um detalhe que faz toda a diferença.
 
Kick-Ass é a evolução natural dos quadrinhos de super-heróis, e foi escrito no tempo exato, para o público exato, com total atenção aos detalhes para se adequar a realidade do público que representa: no linguajar; anseios; dúvidas e temores. Se transformando no conto de fadas contemporâneo mais sanguinário que se poderia imaginar, onde a "Princesinha Disney" é uma horrenda e esquelética figura punheteira... tão idiota, tão tosca e tão sem noção, que, em algum momento, se torna você, eu e qualquer outro amante do universo HQístico ao citar ou viver algo que já vivemos... e tudo se torna poesia.
 
O encadernado de luxo da Panini Books possui
capa dura, 210 paginas em papel couché, reúne
as edições 1 a 8 da série Kick-Ass, e tem preço sugerido de R$ 60,00.

5 comentários:

  1. Eu ainda não tive a oportunidade de ler, mas o filme me impressionou muito. Gosto dessa nova abordagem sobre o mundo dos heróis.
    E sendo do Mark Millar é sinônimo de boa história.

    Irei conferir.

    Estou seguindo o blog, gostei do texto e do contéudo.

    Abraço.

    http://umvortice.blogspot.com.br/

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    1. Você não vai se arrepender, D é h. A história é muito parecida com o que vimos no filme, mas somente até o clímax. Lá... o filme assumiu uma identidade diametralmente oposta a da HQ.
      E a identidade da HQ me parece muito mais interessante!

      Vou agora mesmo dar uma olhada em seu blog.

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  2. Não sou muito fã do personagem, mas gostei muito de seu blog. Parabéns!

    abraço!

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    1. Fala, Chará. Obrigado pela presença.
      Bem... Dave Lizewski não é um personagem com um histórico que o favoreça, mas é escrito por Mark Millar, cara, e merece ser considerado.
      Sabe... por pouco eu incluo na resenha um paralelo entre quadrinho e filme, mas achei inapropriado. Mas se o fizesse, te garanto: A HQ sairia ganhando do filme.

      Se um dia tiver a oportunidade de ler, LEIA! Vale apena, Marcelo.

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  3. vamos fazer parceria?
    http://scantorrents.blogspot.com.br/

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