24 de maio de 2012

LANTERNA VERDE: Sem Medo

Uma leitura por demais ansiada, onde o acerto revelou-se uma constante.

Depois de conferir o trabalho de Geoff Johns em Lanterna Verde: Origem Secreta e testemunhar a fusão de escritor e personagem num único ser, me tornei um espectador ansioso pelo próximo volume da fantástica simbiose artistica. Sim, você entendeu bem, es-pec-ta-dor. Pois o espetáculo é conduzido com tamanha destreza que o texto torna-se um complemento real da imagem, dando vida ao espetáculo, fazendo os "Fabooms" e "Papapás" saltarem páginas afora, alcançando a audição, me fazendo jurar que o encadernado era também composto por sonoplastia. Foi demais! A leitura inspira a uma experiência muito real. Muito viva. E isso é reflexo de uma trama envolvente, onde os personagens estão em primeiro plano, e a ação, não menos importante, mas uma consequência de atos. . . Isso é o que acontece quando um grande escritor encontra um grande personagem, e é prova material de que da união de dois grandes, surge um gigante. Porque um grande personagem necessita de um grande escritor, para, assim, ambos tornarem-se gigantes. E eles se tornaram!

"Hal Jordan ressuscitou e alcançou sua redenção. Agora chegou o momento de prosseguir com sua vida como Lanterna Verde, o protetor do setor espacial 2814. Mas enquanto ele retorna aos céus como um piloto da força aérea, Jordan tem de encarar novas ameaças de antigos inimigos, como os mortais Androides conhecidos como Caçadores Cósmicos, Tubarão e o terrível Mão Negra.
Tudo isso enquanto, em Oa, a Tropa dos Lanterna é reconstituída para proteger e servir a todos os seres em todas as galaxias conhecidas."

A trama reúne dois arcos que compõem uma história. O primeiro escrito por Geoff Johns e o segundo também escrito por Johns, agora em companhia de Dave Gibbons, que trouxe ao roteiro características que separam o estilo narrativo das duas historias, embora ocorram no mesmo período de tempo e mantendo a qualidade.
 
A primeira história tem todos os traços da escrita de Johns que cativaram anteriormente, agora potencializados pelo herói ja estar formado e com total domínio de suas habilidades. Citar habilidades me leva a um marcante momentos da leitura, onde o roteiro, por mais de uma vez e de maneira tão simples que faz parecer fácil, mistura passado e presente numa mesma ideia, unindo diálogos do passado em situações do presente, enriquecendo o personagem por mostrar outros momentos de sua jornada, indo um pouco mais além e fazendo a ponte entre quem era e quem agora é Hal Jordan. Tudo isso acompanhado por uma narrativa em off que garante leveza ao texto ao dissecar ideias que poderiam passar despercebidas, tornando tudo mais atraente e limpo para melhor apreciação.

Apesar do título ter como grande protagonista o competente e carismático Hal Jordan, Lanterna Verde é uma tropa, e não um patrulheiro. E essas palavras representam a descoberta pessoal de um leitor iniciante, que teve em mãos uma trama que acertou em cheio ao retratar o mesmo período de tempo em duas tramas paralelas, a segunda variando protagonistas ao longo das páginas ao invés de focar somente em um destemido Jordan, um criativo Rayner ou um ousado Gardner, unindo-os pouco antes do final do arco, e revelando que o maior dos Lanternas está na união da Tropa. E são essas variações, que nos permitem a possibilidade de conhecer melhor cada protagonista e o universo que o cerca, que garantem o interesse pela página seguinte ao interromper a ação e mudar o protagonista em foco num momento de tensão, levando a curiosidade a mil no momento propício onde estávamos à beira de um frenesi, nos devolvendo o autocontrole por mais uns painéis antes do próximo desvario. Seria esse um reflexo da influência de Gibbons, ou o resultado da união de Johns e Gibbons no mesmo texto? Aposto na segunda alternativa.

A trama, sabemos, só terá solução na última edição. Mas, entre tantos acertos, o que mais se destaca é o fato de cada volume possuir histórias independentes com início, meio e fim. Deixando sempre a sensação de leitura concluída a cada final, contribuindo, cada uma, com informações relevantes para todo o arco, sempre apresentando um desfecho que puxa a expectativa pelo volume seguinte. Tudo isso, jamais deixando de possuir ligação com a historia que compõe o arco maior. Um grande acerto!

Dois paralelos interessantes de se observar ao longo do arco são a luz e a escuridão. Na terra, a trama é mais suave, embora perigosa, e possui muita luz. Os ambientes brilham, reluzem. Mesmo nas sequencias de imagens noturnas. E isso, certamente, serve como metáfora para o tamanho do desafio. Pois, a partir do momento em que a trama se torna unicamente espacial, a escuridão predomina e o mal a se enfrentar é de proporção gigantesca (não em tamanho, mas em perigo) e capaz de erradicar, outra vez, a tropa dos Lanternas ainda em formação. Um detalhe do todo que me pareceu muito interessante e por isso a observação. Por fim, é uma obra de grande qualidade e que, certamente, merece lugar na estante pela qualidade do texto e pelo espetáculo de cores que cobrem a arte impecável.

O encadernado reúne as histórias: Green Lantern Secret Files 2005, simplificando a origem do herói, e Green Lantern 1 - 6, de Geoff Johns, representando toda a primeira história. E também Green Lantern Corps: Recharge, de Johns e Dave Gibbons, em 324 páginas de quadrinhos e extras, capa dura, papel couché. E ainda pode ser encontrado nas livrarias e comics shops.

2 comentários:

  1. Muito bom. Parabéns. Posta lá no grupo Cia das Mentes que vale a pena.

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  2. Valeu pela presença, Cado. Eu estou sem facebook. desativei o meu temporariamente para me dedicar unicamente a escrita. Em breve eu volto!!!
    Vou pedir ao Novais (mas se voce quiser fazer, agradeço) que poste a resenha la no grupo enquanto continuo sem acesso ao Face.
    Grande abraço!

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