Depois
de conferir o trabalho de Geoff Johns em Lanterna Verde: Origem Secreta e testemunhar a fusão de escritor e personagem num
único ser, me tornei um espectador ansioso pelo próximo volume da
fantástica simbiose artistica. Sim, você entendeu bem, es-pec-ta-dor. Pois o espetáculo é
conduzido com tamanha destreza que o texto torna-se um complemento
real da imagem, dando vida ao espetáculo, fazendo os "Fabooms"
e "Papapás" saltarem páginas afora, alcançando a audição, me fazendo jurar
que o encadernado era também composto por sonoplastia. Foi demais! A
leitura inspira a uma experiência muito real. Muito viva. E isso
é reflexo de uma trama envolvente, onde os personagens estão em
primeiro plano, e a ação, não menos importante, mas uma
consequência de atos. . . Isso é o que acontece quando um
grande escritor encontra um grande personagem, e é prova material de
que da união de dois grandes, surge um gigante. Porque um grande
personagem necessita de um grande escritor, para, assim, ambos
tornarem-se gigantes. E eles se tornaram!
"Hal Jordan ressuscitou e alcançou sua
redenção. Agora chegou o momento de prosseguir com sua vida como
Lanterna Verde, o protetor do setor espacial 2814. Mas enquanto ele
retorna aos céus como um piloto da força aérea, Jordan tem de
encarar novas ameaças de antigos inimigos, como os mortais Androides
conhecidos como Caçadores Cósmicos, Tubarão e o terrível Mão
Negra.
Tudo isso enquanto, em Oa, a Tropa dos Lanterna é
reconstituída para proteger e servir a todos os seres em todas as
galaxias conhecidas."
A trama reúne dois arcos que compõem uma história.
O primeiro escrito por Geoff Johns e o segundo também escrito por Johns, agora em
companhia de Dave Gibbons, que trouxe ao roteiro características que
separam o estilo narrativo das duas historias, embora ocorram no
mesmo período de tempo e mantendo a qualidade.
A primeira história tem todos os traços da escrita
de Johns que cativaram anteriormente, agora potencializados pelo
herói ja estar formado e com total domínio de suas habilidades.
Citar habilidades me leva a um marcante momentos da leitura, onde o
roteiro, por mais de uma vez e de maneira tão simples que faz
parecer fácil, mistura passado e presente numa mesma ideia, unindo
diálogos do passado em situações do presente, enriquecendo o personagem por mostrar outros momentos de sua jornada,
indo um pouco mais além e fazendo a ponte entre quem era e quem agora é Hal Jordan. Tudo isso acompanhado por uma narrativa em off que garante leveza ao texto ao dissecar ideias que poderiam passar despercebidas, tornando tudo mais atraente e limpo para melhor apreciação.
Apesar do título ter como grande protagonista o
competente e carismático Hal Jordan, Lanterna Verde é uma
tropa, e não um patrulheiro. E essas palavras representam a
descoberta pessoal de um leitor iniciante, que teve em mãos uma
trama que acertou em cheio ao retratar o mesmo período de tempo em
duas tramas paralelas, a segunda variando protagonistas ao longo das
páginas ao invés de focar somente em um destemido Jordan, um
criativo Rayner ou um ousado Gardner, unindo-os pouco antes do final
do arco, e revelando que o maior dos Lanternas está na união da
Tropa. E são essas variações, que nos permitem a possibilidade de
conhecer melhor cada protagonista e o universo que o cerca, que
garantem o interesse pela página seguinte ao interromper a ação e
mudar o protagonista em foco num momento de tensão, levando a
curiosidade a mil no momento propício onde estávamos à beira de um
frenesi, nos devolvendo o autocontrole por mais uns painéis antes do
próximo desvario. Seria esse um reflexo da influência de Gibbons, ou o resultado da união de Johns e Gibbons no
mesmo texto? Aposto na segunda alternativa.
A trama, sabemos, só terá solução na última
edição. Mas, entre tantos acertos, o que mais se destaca é o fato
de cada volume possuir histórias independentes com início, meio e
fim. Deixando sempre a sensação de leitura concluída a cada final,
contribuindo, cada uma, com informações relevantes para todo o
arco, sempre apresentando um desfecho que puxa a expectativa pelo
volume seguinte. Tudo isso, jamais deixando de possuir ligação com
a historia que compõe o arco maior. Um grande acerto!
Dois paralelos interessantes de se observar ao longo
do arco são a luz e a escuridão. Na terra, a trama é mais
suave, embora perigosa, e possui muita luz. Os ambientes brilham,
reluzem. Mesmo nas sequencias de imagens noturnas. E isso,
certamente, serve como metáfora para o tamanho do desafio. Pois, a
partir do momento em que a trama se torna unicamente espacial, a
escuridão predomina e o mal a se enfrentar é de proporção
gigantesca (não em tamanho, mas em perigo) e capaz de erradicar,
outra vez, a tropa dos Lanternas ainda em formação. Um detalhe do todo que me pareceu muito interessante e por isso a observação. Por fim, é uma obra de grande qualidade e que,
certamente, merece lugar na estante pela qualidade do texto e pelo
espetáculo de cores que cobrem a arte impecável.
O encadernado reúne as histórias: Green
Lantern Secret Files 2005, simplificando a origem do herói,
e Green Lantern 1 - 6, de Geoff Johns, representando
toda a primeira história. E também Green Lantern Corps:
Recharge, de Johns e Dave Gibbons, em 324 páginas de
quadrinhos e extras, capa dura, papel couché. E ainda pode ser
encontrado nas livrarias e comics shops.
Muito bom. Parabéns. Posta lá no grupo Cia das Mentes que vale a pena.
ResponderExcluirValeu pela presença, Cado. Eu estou sem facebook. desativei o meu temporariamente para me dedicar unicamente a escrita. Em breve eu volto!!!
ResponderExcluirVou pedir ao Novais (mas se voce quiser fazer, agradeço) que poste a resenha la no grupo enquanto continuo sem acesso ao Face.
Grande abraço!