É possível invadir a mente humana de tal forma que
faça o invasor pensar conforme a mente invadida.
Não foi uma pergunta. Não foi uma pergunta,
porque, enquanto leitor de CORINGA, escrito por Brian Azzarello, por
vezes me surpreendi ao compreender o incompreensível. Ao ver razão
onde não há resquícios dessa verdade. E estou certo que o que
levou a essa certeza foi a oratória convincente que tornou o
discurso, um tanto destrutivo, é verdade, tão embasado que permite
a compreensão do que leva um ser humano a cometer atos de puro
satanismo.
É inegável que o CORINGA visto nesta edição é a
mais pura encarnação do mal, onde não há culpa, remorso ou temor.
Havendo apenas a vontade de mostrar seu poder, não hesitando em agir
como um trator diante de tudo o que se interpõem em seu caminho.
Dono de um sarcasmo que só uma mente alimentada com cultura é capaz
de apresentar, a inteligencia do homem de sorriso largo torna-se
clara. O corpo não é forte, mas sua inteligência o leva a
cercar-se de brinquedos dos mais variados tipos (incluindo humanos),
e armas de fogo em uma trama despudorada, violenta e louca para ser refreada. Pois cada ato do vilão nos leva a espera do único que
pode pará-lo.
O grande protagonista da trama é visto em primeira
pessoa, mas o que nos permite invadir sua mente é a perspectiva de
seu mais novo aliado. Que, temente ao poder do inimigo que torna-se
cada vez mais íntimo, expõe suas certezas sobre a ameaça vigente
numa cumplicidade de irmão com o leitor, que acaba por se tornar seu
irmão mais velho ao acompanhá-lo por toda a história, sempre
disposto a ouvir seus pensamentos, por mais contraditório que sejam,
mas com a lamentável máxima de ser incapaz de lhe mostrar a luz com
conselhos. Uma pena, pois se houvesse resposta em cada desabafo, seu
destino, certamente, seria a redenção.
O universo do Homem Morcego é vasto, e Coringa
transita em cada viela, por mais obscura que seja, deste universo, e
se faz rei diante de cada pilar que lhe serve de alicerce. Por fim, é
uma trama cheia de surpresas e com as características que tornam
memoráveis qualquer trama de Azzarello, pois tudo tem um motivo e
nada é por acaso.
CORINGA, de Brian Azzarello e Lee Barmejo:
Ótima Leitura!
Haes, excelente texto! essa é realmente uma das representações mais bacanas do coringa,e entrou no hall das grandes hqs com o personagem, junto com "A piada mortal" (acho que minha favorita com o vilão)e "Asilo Arkham"- o bacana nessa segunda é que o morrison, o escritor, descreve o coringa não como um caso de loucura, mas sim como um caso de super-sanidade, alguém cuja mente é mais capaz de se adaptar aos tempos atuais.
ResponderExcluirabração!
Valeu, Vinil. Também curti muito esta leitura. E curti também saber em seu blog que O Cavaleiro das Trevas, filme dirigido por Christopher Nolan, bebeu dessa fonte para compor mo Coringa interpretado por Heath Leadger. Eu, como disse por lá, acreditava no oposto, mas a descoberta só elevou a criação de Azzarello e Barmejo, pois a originalidade é tamanha que inspirou o maior filme baseado numa HQ de todos os tempos.
ResponderExcluirAsilo Arkham eu sou louco para ler. Os pareceres que vejo na net são tão positivos quanto o seu. Por enquanto está esgotada, mas como tem um novo BATMAN vindo por ai, vejo uma leva de encadernados Panini surgindo e ressurgindo, e meu bolso sofrendo um ataque de ar tamanho o espaço que terá nele. Sim, vou comprar todos!
Abraço!
massa o texto, haes! fiquei louco pra ler esse coringa. meu fav também é o piada mortal e depois de babar na sua escrita deu vontade de ir procurar a do azzarello. mas ê povo pra gostar de letra dupla no sobrenome heim...
ResponderExcluirSim, Well. Piada Mortal é foda mesmo. Meu amigo, procure ler CORINGA e outras obra de Azzarello. Pois este é um monstro da escrita e voce não irá se decepcionar, garanto.
ExcluirObrigado pela presença!!!