Não sou lá um grande fã do universo Noir da Marvel, mas, como colecionador compulsivo de seus encadernados mais uma novidade desta linha veio para a minha coleção assim que descoberta. Encadernado em mãos, a beleza da arte da capa chamou atenção e inspirou um olhar mais atento a sua composição. Em sua totalidade fosca, quando estrategicamente posicionada para receber o melhor ângulo de sua luz ambiente, o efeito que a reserva de verniz garante ao vestuário e acessórios dos personagens fazem-nos reluzir e contrastar com a pele e fios capilares foscos, parecendo saltar para fora como em um efeito 3D. E foi assim, após deslumbrar a visão com a fantástica arte de capa que, ao virar a página e iniciar a leitura, em mais uma grata surpresa me deparei com uma estória atraente, redonda e de fácil digestão.
"Nova York, 1937. Peter não consegue se livrar da influência do pai. Sua irmã, Wanda, deve uma alta quantia a Remy Le Beau, proprietário do Club Creole. O pai de Peter e Wanda, Eric Magnus, é um figurão da policia: corrupto, violento e sem escrúpulos. Anne-Marrie Rankin tem o dom de se tornar quem precisa ser. Preso numa cela, Charles Xavier se pergunta o que planejam seus alunos da "Escola Xavier para a Juventude Excepcionalmente Transviada". Agora Jean Grey está morta, mas não há ninguém que possa investigar o crime. Ninguém com poder para fazer alguma coisa. Mas a quem interessaria a morte de uma das aberrações de Xavier?"
A qualidade da trama pôde ser percebida mais rapidamente do que se poderia esperar. Precisamente falando, já na primeira página, quando o desejo de um dos personagens por uma bala de menta vem à tona e percebemos que a trama acerta ao se mostrar sincera a ponto de revelá-lo, mesmo sendo uma manobra que corre o risco de parecer simples, insignificante... quando não o é. Na verdade, o íntimo do personagem é a força motora da sequencia que abre a estória — que é recheada de momentos como esse —, e são desses pequenos momentos que saem surpresas interessantes. São esses os momentos que ficam na memória muito tempo depois de terminada a leitura. Engana-se quem pensa que é a ação. O que fica na mente é sempre o diálogo marcante.
A trama de X-MEN NOIR é próxima do universo original dos mutantes e, ao mesmo tempo, tão distante, que há ali um clima de seriado. Para ser mais exato, é como se os mutantes que conhecemos estivessem presos a um universo paralelo onde passam vinte e quatro horas por dias interpretando personagens em um seriado sem fim, que acabou por se tornar a vida real de cada um. É esse o clima que senti enquanto leitor. Quando se alcança o último volume e toda a verdade sobre o assassinato de Jean Grey vem à tona, junto a uma inesperada surpresa envolvendo outro protagonista da edição, este sentimento de Season Finale oficializa em definitivo e você realmente acredita no universo que se estabeleceu diante dos seus olhos.
A trama de X-MEN NOIR é próxima do universo original dos mutantes e, ao mesmo tempo, tão distante, que há ali um clima de seriado. Para ser mais exato, é como se os mutantes que conhecemos estivessem presos a um universo paralelo onde passam vinte e quatro horas por dias interpretando personagens em um seriado sem fim, que acabou por se tornar a vida real de cada um. É esse o clima que senti enquanto leitor. Quando se alcança o último volume e toda a verdade sobre o assassinato de Jean Grey vem à tona, junto a uma inesperada surpresa envolvendo outro protagonista da edição, este sentimento de Season Finale oficializa em definitivo e você realmente acredita no universo que se estabeleceu diante dos seus olhos.
O tratamento dado aos personagens foi outro acerto definitivo. O posicionamento estratégico de cada um dos heróis, que surgiam em momentos inesperados e brilhavam diante de um contexto atraente em um momento marcante, foi com toda a certeza uma carta na manga idealizada por seus autores. E é ai que a aparição do mutante mais venerado se destaca. WOLVERINE só dá as caras pouco antes do final do segundo volume, a trama já estabelecida, mas traz ao universo o elemento faltante e indispensável e eleva a adrenalina a mais de cem... como é de praxe quando desafiam. Mas ele não é o centro da questão. Esse cargo, aqui, fora atribuído a Thomas Halloway, o Anjo; um personagem apaixonantemente popular devido a sua essência descritiva de tudo o que o cerca que nos impossibilita de compreender o porque não aparece com mais frequência no universo Marvel, mesmo que em estórias especiais que se passem entre os anos 40 a 60 ou em um título oficial dedicado a ele. Um grande personagem que, com certeza, merece mais que meras participações (por mais fodas que sejam) como vemos aqui ou em PROJETO MARVELS: O Nascimento dos Super-Herois.
Pra finalizar, um espetáculo que soma a favor da trama é a sua arte, que, sombria como se espera em uma trama Noir, não deixa a desejar em momento algum. Muitas vezes sobrepondo o texto com imagens sutis, ao tempo que se revelam fortes, nauseantes. O casamento entre Fred Van Lente e Dennis Calero se revelou o acerto final, embora tenha sido o primeiro, e fez de X-MEN NOIR uma trama a ser lida por todos os amantes dos X-MEN e os de uma boa estória.
O encadernado de luxo Panini Books possui
capa dura, 124 páginas em papel couché e
reúne as edições 1 - 4 da revista X-MEN NOIR e mais 10 páginas de material extra.
O encadernado de luxo Panini Books possui
capa dura, 124 páginas em papel couché e
reúne as edições 1 - 4 da revista X-MEN NOIR e mais 10 páginas de material extra.