1 de abril de 2013

X-MEN NOIR

Personagens de si mesmos, os X-MEN parecem encenar sua própria (nova) vida.

Não sou lá um grande fã do universo Noir da Marvel, mas, como colecionador compulsivo de seus encadernados mais uma novidade desta linha veio para a minha coleção assim que descoberta. Encadernado em mãos, a beleza da arte da capa chamou atenção e inspirou um olhar mais atento a sua composição. Em sua totalidade fosca, quando estrategicamente posicionada para receber o melhor ângulo de sua luz ambiente, o efeito que a reserva de verniz garante ao vestuário e acessórios dos personagens fazem-nos reluzir e contrastar com a pele e fios capilares foscos, parecendo saltar para fora como em um efeito 3D. E foi assim, após deslumbrar a visão com a fantástica arte de capa que, ao virar a página e iniciar a leitura, em mais uma grata surpresa me deparei com uma estória atraente, redonda e de fácil digestão. 

"Nova York, 1937. Peter não consegue se livrar da influência do pai. Sua irmã, Wanda, deve uma alta quantia a Remy Le Beau, proprietário do Club Creole. O pai de Peter e Wanda, Eric Magnus, é um figurão da policia: corrupto, violento e sem escrúpulos. Anne-Marrie Rankin tem o dom de se tornar quem precisa ser. Preso numa cela, Charles Xavier se pergunta o que planejam seus alunos da "Escola Xavier para a Juventude Excepcionalmente Transviada". Agora Jean Grey está morta, mas não há ninguém que possa investigar o crime. Ninguém com poder para fazer alguma coisa. Mas a quem interessaria a morte de uma das aberrações de Xavier?"

A qualidade da trama pôde ser percebida mais rapidamente do que se poderia esperar. Precisamente falando, já na primeira página, quando o desejo de um dos personagens por uma bala de menta vem à tona e percebemos que a trama acerta ao se mostrar sincera a ponto de revelá-lo, mesmo sendo uma manobra que corre o risco de parecer simples, insignificante... quando não o é. Na verdade, o íntimo do personagem é a força motora da sequencia que abre a estória  que é recheada de momentos como esse , e são desses pequenos momentos que saem surpresas interessantes. São esses os momentos que ficam na memória muito tempo depois de terminada a leitura. Engana-se quem pensa que é a ação. O que fica na mente é sempre o diálogo marcante.

A trama de X-MEN NOIR é próxima do universo original dos mutantes e, ao mesmo tempo, tão distante, que há ali um clima de seriado. Para ser mais exato, é como se os mutantes que conhecemos estivessem presos a um universo paralelo onde passam vinte e quatro horas por dias interpretando personagens em um seriado sem fim, que acabou por se tornar a vida real de cada um. É esse o clima que senti enquanto leitor. Quando se alcança o último volume e toda a verdade sobre o assassinato de Jean Grey vem à tona, junto a uma inesperada surpresa envolvendo outro protagonista da edição, este sentimento de Season Finale oficializa em definitivo e você realmente acredita no universo que se estabeleceu diante dos seus olhos.

O tratamento dado aos personagens foi outro acerto definitivo. O posicionamento estratégico de cada um dos heróis, que surgiam em momentos inesperados e brilhavam diante de um contexto atraente em um momento marcante, foi com toda a certeza uma carta na manga idealizada por seus autores. E é ai que a aparição do mutante mais venerado se destaca. WOLVERINE só dá as caras pouco antes do final do segundo volume, a trama já estabelecida, mas traz ao universo o elemento faltante e indispensável e eleva a adrenalina a mais de cem... como é de praxe quando desafiam. Mas ele não é o centro da questão. Esse cargo, aqui, fora atribuído a Thomas Halloway, o Anjo; um personagem apaixonantemente popular devido a sua essência descritiva de tudo o que o cerca que nos impossibilita de compreender o porque não aparece com mais frequência no universo Marvel, mesmo que em estórias especiais que se passem entre os anos 40 a 60 ou em um título oficial dedicado a ele. Um grande personagem que, com certeza, merece mais que meras participações (por mais fodas que sejam) como vemos aqui ou em PROJETO MARVELS: O Nascimento dos Super-Herois.

Pra finalizar, um espetáculo que soma a favor da trama é a sua arte, que, sombria como se espera em uma trama Noir, não deixa a desejar em momento algum. Muitas vezes sobrepondo o texto com imagens sutis, ao tempo que se revelam fortes, nauseantes. O casamento entre Fred Van Lente e Dennis Calero se revelou o acerto final, embora tenha sido o primeiro, e fez de X-MEN NOIR uma trama a ser lida por todos os amantes dos X-MEN e os de uma boa estória.

O encadernado de luxo Panini Books possui
capa dura, 124 páginas em papel couché e
reúne as edições 1 - 4 da revista X-MEN NOIR e mais 10 páginas de material extra. 
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